Pessoas Controladoras e Manipuladoras
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Sabe aquela namorada, ou aquele marido que se comporta como se as coisas precisassem ser do jeito dele? Ou então aqueles pais que se colocam num pedestal inalcançável aos filhos e que fazem da maternidade e paternidade uma experiência assustadora para esses?

Por um acaso você já ouviu falar na controladora do lar?

Essa é uma expressão famosa sempre dirigida àquelas mães, tias, amigas, esposas, que não aceitam a forma como os outros a ajudam na casa tampouco quem as questione.

– Como você pensa não importa! A casa é dela!

E chefe controlador você já teve? Ou será que você é o controlador da história e ainda não se deu conta?

Vamos conversar nesse artigo um pouco sobre isso; afinal, pessoas assim sofrem muito e ninguém quer isso pra si.


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Desconstruindo Pessoas Controladoras

O controlador é alguém que interfere no livre arbítrio do outro. Logo, o que torna o relacionamento com pessoas controladoras tóxico, está no fato de que controle e agressão aqui se caracterizam na mesma coisa. Sim, ainda que essas palavras pareçam um tanto fortes, a agressão aqui é executada de maneira passiva; isto é, com linguagem e comportamento manipulador.

Todavia, boa parte das pessoas controladoras não costumam possuir certa consciência da natureza de seus atos, uma vez que a roupagem dada a seus comportamentos costuma a confundir-se com a ideia de zelo.

Ainda assim, são pessoas cujos comportamentos são passíveis de serem identificados com facilidade, visto que esse tipo de pessoa tende a decidir constantemente pelo outro.

A respeito desse comportamento passivo-manipulador, é importante que fique registrado: mesmo que pareça haver ali uma intensão de ajudar (zelo), as atitudes de pessoas controladoras implicam habitualmente em sabotar o outro. Ou seja, a pessoa controladora tende a conduzir as rédeas da vida de pessoas que se mostrem passivas a ela, inclusive, poupando estas de quais quer decisões que possam ter por si mesmas.

1. Chantagem emocional: A Arma Certeira da Pessoa Manipuladora

As Pessoas Controladoras costumam ter êxito em suas empreitadas, uma vez que suas atitudes manipuladoras se baseiam na chantagem emocional como forma de manter o domínio sobre o outro.

As chantagens aqui, seguem um padrão, que visa sempre em retirar do outro sua validação sobre sua própria vida.

A pessoa controladora exerce esse domínio quando apela para a ideia de superioridade, a qual tende a mostrar ao outro que o mesmo não tem condições de pensar sozinho, de decidir sozinho porque lhe faltaria “capacidade”. Ou, quem diria! Também pode exercê-lo por meio do vitimíssimo.

O Agressor Sempre Fará com que o Outro se Sinta Culpado

Portanto, muita atenção com cenas de choro, com frases apelativas do tipo “Vou me jogar do prédio”, afinal, muitas ameaças escondem um quê de controle.

O Controlador-passivo costuma se colocar no lugar de vítima, e, quando faz isso, se utiliza da chantagem emocional para acusar a outra pessoa.

Infelizmente, não são poucas as pessoas que passam por essa situação e terminam se sentindo responsáveis pela infelicidade do outro. Por não serem o suficiente ou boas o bastante para a relação.

Isso acontece, pois, quem está sendo controlado, geralmente tende a fazer um esforço enorme para satisfazer o manipulador por não se sentir digno dos sentimentos, da entrega que este afirma empenhar no relacionamento.

Portanto, vemos aqui um ponto importante: quer seja no apelo a superioridade de seus afetos, ou outras formas de se impor como “mais capaz”, pessoas controladoras sempre buscarão se impor atacando de alguma forma a autoestima do outro. Isso é algo tão complicado, que, na relação entre filhos e pais controladores, estes tendem a se afastar dos pais ao se sentirem não merecedores de afeto.

2. O Controle Também Pode Ser Silencioso

Apesar de se utilizar de ações como isolar, ignorar, abandonar, para permanecer no poder, por mais incrível que pareça, a omissão também costuma ser utilizada como ferramenta de controle. Ou seja, para dominar, a pessoa controladora costuma utilizar de sua autoridade para silenciar e não abrir diálogo com o outro. Esse tipo de ofensiva acontece principalmente em relações paternais.

Eu queria ser músico e não médico. Cheguei em casa com o violão, pronto para contar, ou melhor, enfrentar o velho… Mas… Ele só me olhou por alguns minutos e continuou a ler o jornal… Larguei o violão e fui para o quarto Estudar pra medicina…

Não sou um cara plenamente realizado se quer saber…

C. Henrique, 32 anos

Pessoas agredidas de “forma silenciosa”, ao aceitarem a agressão do outro, tendem a nutrir raiva e outros sentimentos negativos, os quais podem se tornar somáticos com o tempo, com sério potencial para gerar doenças complicadas em algum momento.

Quando pessoas controladoras constituem parte do tecido familiar, é preciso ter em mente que todos, sem exceção, precisarão de ajuda profissional para sair com efetividade dessa situação. Afinal, trata-se de um ciclo vicioso, que se retroalimenta até que filhos saiam de casa brigados com os pais, ou, até mesmo que um divórcio venha a acontecer.

3. Pessoas Controladoras Não Estão Interessadas em Seus Sentimentos

Lamentavelmente, falar dos seus sentimentos, se abrir para uma pessoa assim não surtirá o efeito que você gostaria; pior, uma vez que alguém coloca seus sentimentos nas mãos desse tipo de pessoa, corre o risco de possibilitar a este que se sinta ainda mais no controle.

Quando escancaramos nossas fragilidades, sem querer, podemos permitir a pessoa controladora que fique com o ego ainda mais inflado e adentre limites que não deveria.

E Quanto a Vítima? Como se Comporta a Pessoa Controlada?

Pessoas Controladoras e Manipuladoras
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Saiba que, dentro dessas situações relacionais, as quais possuem a mesma problemática em comum, jogar luz sobre a posição do controlado nos permite entender melhor o controlador e o contexto como um todo.

Falando na pessoa controlada, ou a potencial vítima da situação, além de culpa, esta tende a se sentir sufocada a ponto de não conseguir ter uma reação adequada frente aos abusos sofridos, uma vez que assumiu para si um papel passivo.

O mais interessante é que, geralmente, as pessoas abusadas não assumiram esse papel apenas nesse contexto; isto é, essas pessoas viveram diversas circunstâncias problemáticas em suas histórias de vida, de modo que passaram a assumir cotidianamente tal posição.

Esse é um comportamento muito comum em pessoas que contraíram determinadas crenças limitantes, principalmente durante a infância, do tipo: “ser a pessoa problema”, ou, durante a infância, ter sido sempre “aquela que precisava cuidar dos irmãos mais novos”.

Além disso, crianças que não brincaram e assumiram responsabilidades maiores que a idade que possuíam, entre outras características, também são passíveis de gerar certas fragilidades como a dificuldade de se impor como deveriam.

Portanto, é comum existir no comportamento da vítima um padrão que não foi estabelecido pelo abusador, mas, que pode ter vindo da infância ou da adolescência deste, através de praticas nocivas, que terminaram por gerar tamanha passividade.

Logo, o remédio para isso não pode ser outro senão romper o ciclo.

E Quando o Chefe é um Controlador?

Diante de um chefe controlador as pessoas tendem a se manter omissas diante das agressões que sofrem. A omissão, certamente, não só gera um sentimento de culpa na vítima por não conseguir lidar de maneira adequada com o que está vivendo, como também acaba por alimentar mais dessas situações.

Eu estava com diagnóstico de síndrome do pânico, meu chefe, não só me fez ir presencialmente ao local de trabalho, como também, numa reunião a portas fechadas, deu a entender que eu não havia mandado atestado médico…

Infelizmente, aceitei a narrativa dele, de que teria me enganado perante os ali presentes, mas, a verdade é que eu mandei documento antes mesmo de terminar meu período de afastamento…

Eu permiti que ele fosse dissimulado, não consegui enfrentá-lo mesmo com a verdade ao meu lado.

A. Mariana, 42

Com o ciclo vicioso montado, algo curioso também pode acontecer: a relação tóxica se dar de tal forma, que a pessoa abusada acaba se sentindo presa ao abusador. Nesta situação em específico, a vítima acaba por experimentar um estranho sentimento de falta em relação ao chefe controlador.

Enquanto existirem pessoas abaixando a cabeça existirão pessoas controladoras, uma vez que o medo paralisador é o que alimenta tais atitudes do outro.

Para Enfrentar Pessoas Controladoras, Entenda Bem Suas Emoções

Primeiramente, é preciso aprender a trabalhar as emoções a fim de que você se torne o comandante delas e não o comandado por elas.

Para se obter certo equilíbrio nas emoções, o controle de nosso humor é de extrema importância, visto que todo o comportamento humano resulta de algum estado emocional.

É por isso que nem tudo o que acontece é em virtude de um processo externo, pois, também existe em nós um processo interno se desenvolvendo dentro de nossas ações.

Nosso estado interno altera nossa fisiologia. Por isso, se estamos com raiva, a postura que apresentaremos será muito diferente, do que se estivéssemos felizes.

Então, quando falamos de mudar a fisiologia como forma de combater agressões de pessoas controladoras, não podemos esquecer que, embora seja um fator exteriorizável, este tende a se projetar do interior para fora.

Para Enfrentar Pessoas Controladoras, Mude Sua Fisiologia

Ainda assim, não podemos esquecer que tais processos, internos e externos, não atuam isolados. Isto é, estes se encontram inteiramente interligados e atuam em conjunto nos eventos, que denotam as reações humanas.

Por conseguinte, parece que não, mas, com uma simples modificação do estado externo também conseguiremos mudar o estado interno. Isso, claro, se fizermos internamente a escolha de usar a postura, a fisionomia a nosso favor.

Nesse sentido, quando acessamos nosso corpo, percebemos também a possibilidade de alterar as emoções que estão dentro dele para que possamos obter resultados melhores.

Então, se algum chefe agir com arrogância, autoritarismo, lhe impondo formas de abuso, ainda que sua estrutura interna não lhe dê caminhos, que esta ao menos dê o aval necessário a sua fisiologia, para que você possa através de seu corpo se impor frente a uma situação assim.

Sempre existirá nessas situações um enfrentamento sutil em que o menor ali pode não verbalizar, porém, poderá utilizar-se de outras linguagens para se impor e se proteger.

Ainda neste exemplo, se você puder se colocar em pé diante do chefe controlador e não abaixar a cabeça; se você puder sair de onde estiver e se aproximar de peito aberto, coluna ereta, mesmo que você não diga nada, sua fisiologia já terá mudado o suficiente seu padrão interno a ponto de que o estado emocional do agressor também já não será o mesmo; o que tenderá a fazê-lo diminuir o tom.

Crianças Controladoras

Primeiramente, é mito pensar que o ser humano só consegue ter determinadas atitudes quando este tem seu raciocínio lógico completo. Ou seja, apenas a percepção da criança, ainda que crua, é cabível para manifestar certo senso de controle.

Parece mentira, mas esta situação é muito comum principalmente quando o casal esquece de ser um casal e apenas se preocupa em ser pai e mãe; passando, desta forma, a colocar o filho como centro da vida dos dois.

Algumas Características

Além da falta de limite, entre as características de uma criança controladora está também o fato de esta só aceitar brincar da maneira dela. Este tipo de criança também se acostuma fácil a impor regras não só para os coleguinhas, mas também para os adultos próximos.

Crianças assim, por identificarem os pais fora de seus papéis, tendem a ter temperamento suficiente para, ainda que inconscientemente, assumir esses papéis como forma de mostrar aos progenitores os valores que gostariam de ter, mas não está encontrando ali.

Quando adultas, estar crianças, uma vez fora do ambiente familiar, tenderão a se sentir fragilizadas, uma vez que não souberam ser criança na época em que deveriam ser.

Como Lidar

Para lidar com isso, primeiramente, os pais devem perceber o movimento da criança.

Quando uma criança apresenta comportamentos não coerentes com sua idade, isto significa que algo está errado; mas, não diretamente com a criança, pois esta está representando o movimento da casa. O problema na verdade estará no comportamento dos pais e é este que deve ser averiguado.

O adulto precisa recuperar sua autoestima como adulto para que a criança possa voltar a ser criança.

Que Atitudes Devemos Ter no Convívio com Pessoas Controladoras?

1. Identifique o Controlador do Tipo Passivo

Em relação a este tipo de pessoa, já mencionamos aqui que sua maior arma é fazer com que as pessoas se sintam responsáveis por ela.

Para lidar com o problema, é necessário ter o discernimento de como o seu sentimento por esta pessoa se manifesta, visto que, a maioria das pessoas que se encontram neste emaranhado costumam expor facilmente o desejo de cuidar e resolver os problemas da pessoa controladora em questão.

Atenção! Entenda: ninguém tem a obrigação de resgatar ninguém! Entramos na vida das pessoas para contribuir e não para carregá-las nas costas. Portanto, não se sinta culpado!

É importante identificar todo o relacionamento que é de fato abusivo e controlador, uma vez que este lhe retira de você mesmo, a ponto de lhe podar de outros relacionamentos, de dificultar suas oportunidades em fazer suas próprias escolhas, ou pior, pode vir a modificar sua personalidade num grau em que você já não se reconheça mais.

2. E Quando os Manipuladores Viram o Jogo e se Fazem de Vítima?

…Então, Assuma Seu Lugar no Tabuleiro.

Pessoas controladoras têm muita dificuldade em assumir suas responsabilidades. Para elas, todos estão errados, mas elas estarão sempre certas. Desta forma, quando pessoas agem de maneira tão manipuladora a ponto de tentarem inverter situações para se beneficiarem; quando pessoas manipulam a verdade não estando certas, então, procure sempre devolver com perguntas do tipo “o que você está fazendo agora?”, ou, “Eu fiz um comentário sobre determinada atitude e o que você faz é devolver de volta para mim. Desse jeito não há consenso. Vamos encerrar por aqui.”

A medida que você conversa com o outro na tentativa de resolver um problema, mas, a pessoa não consegue desenvolver a situação e prefere jogar de volta para você as responsabilidades como se a culpa fosse sua, deste modo, então, o melhor é não manter a conversa, uma vez que ainda não há como solucionar o problema em conjunto com esta pessoa.

Com joguinhos ou não: toda a pessoa controladora inconscientemente objetiva fazer com que o outro se culpe. Por isso, não se culpe! Foque em você! Viva para você, pois, se você melhora consigo mesmo, há grandes chances de essa pessoa melhorar também.

3. Não Enriqueça as Coisas Ruins que o Outro Faz

Pare de contar para os outros sobre a sua vida! Quanto mais tempo você passar informando a manicure, o cabeleireiro, o barbeiro sobre o quanto seu parceiro é terrível, mais você acabará aumentando as proporções dessa situação.

A Culpa é minha! E eu ponho em quem eu quiser!

4. Não Ceda as Chantagens

Se alguém te pressiona por ver coisas aonde não tem, casos onde não existe, poupe seu tempo em se explicar para essa pessoa. Você não precisa se inocentar de nada… O correto a se fazer perante uma pessoa controladora, que lhe atribui culpa por traições fantasiosas, é dizer em claro e bom tom:

Se você não acredita em mim vá em bora!”

Não se intimide diante de uma pessoa controladora, pois, ela nunca irá em bora de fato, ainda que ameace, pois esta necessita do manipulado para continuar sendo quem é.

Por trás de tanta agressividade e imponência, você precisa saber que existe ali uma pessoa insegura. Sim! Uma pessoa que implora para que você se mantenha com as orelhas abaixadas, para que esta consiga ter (por falta de palavra) “alguma autoestima”.

Existe Salvação para as Pessoas Controladoras

O primeiro passo, e com certeza o mais difícil, é se reconhecer uma pessoa Controladora. Uma vez isso às claras, chega então a hora de começar a desenvolver a consciência de que o outro é o outro.

Quando começamos a entender a individualidade do outro, passamos a perceber o quanto o outro é diferente; o quanto esta outra pessoa não pensa como pensamos, não gosta necessariamente do que gostamos, e, consequentemente, nem sempre vai agir como gostaríamos; afinal, essa pessoa tem total direito de escolher diferente da gente.

Para Mudar e Crescer, É Importante Enxergar e Aceitar o Outro com as Suas Características Reais

Um bom exercício para entender a individualidade alheia é fazer uma lista de todas as características que se gostaria de ver na pessoa dominada. Paralelamente a esta lista, deve-se desenvolver outra lista, mas, agora, com todas as características que esta pessoa realmente tem; especialmente aquelas que mais o incomoda.

Olhar para esse quadro e entender como se sente diante dele é muito importante, visto que quando não aceitamos o afeto que o outro tem pra nos dar, isto é, do jeito do outro, não haverá paz no relacionamento.

Também é de extrema importância se reeducar, mudar as atitudes; em outras palavras, pensar antes de falar e antes de agir.

Deixe de pensar em mudar o outro e passe a fazer o que é lógico: mude a si mesmo, pois esse é o seu poder.

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