Os Primeiros Contratos

Num relacionamento em crise, os alarmes começam a soar, infelizmente, já no meio da tempestade.

É demasiadamente tarde quando as pessoas insistem em buscar na memória quando foi que se iniciaram os primeiros erros; quando foi que as coisas começaram a desandar.

Infelizmente, os maiores erros que acontecem dentro de um relacionamento quase nunca são entendidos assimilados devidamente pelo casal. Simplesmente porque no começo de tudo a preocupação maior de ambos se fixou muito mais em “fazer acontecer” do que nos contratos reais que uma relação precisa ter.

Todo o relacionamento que não deu certo em boa parte começou errado. Um relacionamento, pra dar certo, nunca pode se basear em instintos e suposições, mas sim na verdade de cada um.

É natural em relações que estão desmoronando encontrarmos pessoas se agredindo, cobrando um do outro o que cada um esperava individualmente para si, mas, que, infelizmente, o outro não pode lhe proporcionar. Isso acontece porque os contratos, nos quais baseamos nossos relacionamentos, são forjados lá no começo da relação em meio as imprecisões que temos sobre nós e sobre o outro.

Para evitar cair em ilusões, é importante enxergar a outra pessoa e não negligenciá-la. Todavia, estamos tão acostumamos a nos apaixonar pela vitrine, a considerar apenas o que nos interessa no outro, que acabamos sem a menor consciência de nós mesmos, de quem somos, do que queremos, e, consequentemente, da profundidade que uma relação precisa ter pra dar certo.

Outro ponto importante: ninguém consegue se conservar o mesmo depois de 20, 30 anos. Se apaixonar é bom, porém, o problema é acreditar que aquele frenesi todo perdurará do mesmo jeitinho para o resto da vida. Dizer que vai ser o mesmo eternamente é algo contra a natureza humana e é tão incoerente quanto firmar contratos com base em emoções.

Perguntinha Curiosa: Por Que Contratos?

Gosto de usar a palavra contrato, pois me soa como a palavra compromisso em seu tom mais superior; afinal, passar algo para o papel exige decisão, racionalidade, visão e entrega sóbria de quem se é e do que se quer.

Só se compromete, só firma contratos quem confia. Entretanto, a confiança quebrada é também a maior evidência de que a base de todos os acordos se partiu. Algo que, infelizmente, pode se agravar a ponto de um não conseguir mais enxergar o outro; restando aos envolvidos, no fim das contas, apenas o transtorno em juntar os cacos para que possam prosseguir.

Ainda sobre confiança, esta é uma virtude que exige doses generosas de maturidade. Sem dúvidas, é a primeira base para qualquer que seja o relacionamento, uma vez que confiar em alguém e em si mesmo partem do mesmo princípio: a verdade. Todavia, quantas não foram as vezes em que fomos desonestos com os outros na mesma medida em que fomos desleais com nossos próprios sentimentos?

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