Existe Solução para o Carente?
Quando olhamos para o tópico anterior, talvez, fique a falsa ideia de que nos empenhamos em fazer adjetivações negativas, e, possivelmente, algumas pessoas possam até se sentir incomodadas com isso. Bem… O intuito desse artigo também está em te tirar da zona de conforto (caso esta seja sua situação é claro!) mas, o principal foco aqui é mostrar principalmente a você, que pode estar se dizendo “eu sou uma pessoa carente,porém não sou desse jeito”, que, assim como você conseguiu de alguma forma trabalhar sua carência, aquelas pessoas que precisariam ler esse artigo, mas. adivinha… Que não vão ler! porque acreditam que não há nada de errado com elas Também podem e devem encontrar formas de trabalhar isso que está desordenado nelas.
Em suma, você pode ter chegado a esse artigo tentando se aprimorar, mas, a grande maioria chega até aqui buscando ajudar alguém. Portanto, se este é o seu caso, saiba que nada está perdido ainda. Todos somos carentes, porém, aos que tem problemas mais acentuados com isso, que fiquem tranquilos, pois, é possível sim uma melhora significativa.
Vamos tratar melhor das maneiras de começar a conseguir isso nos tópicos a seguir:
1. A Experiência do Amor próprio
Amamos porque em algum momento fomos amados; isto é, não importa as circunstâncias, se nascemos, é porque de alguma forma fomos amados; porém, não amamos porque temos recursos para isso, mas, porque somos provas da plenitude que contém esta experiência. Então, o amor se trata de uma experiência, e, como frutos desta, por mais que erremos, não há como deixar de sermos parte dela.
Santo Agostinho dizia que Deus nos amou para que a gente tivesse amor com que amar; logo, o amor próprio, num primeiro momento, precisa fazer essa experiência do amor em mim para que depois possa ser amor no outro.
Quando fazemos a experiência da ausência de amor, isso não significa que ele deixou de existir ou nunca esteve ali. Experiências assim, na verdade, tem relação com a maneira como percebemos o amor desde nossa vida uterina. Uma pessoa não deixa de ser amada. O que acontece é que, devido aos atropelos e desventuras da vida, simplesmente deixam de perceber o amor que está ali. Infelizmente, os erros têm esse poder; não de apagar, mas de ofuscar o amor em nós.
Amor Próprio é aquele Amor que Está em Mim, mas que precisa da manutenção do Amor que tenho por Mim para que sua manifestação se torne saudável.
O carente, que tanto sofre por amor, na verdade não sofre pela ausência, mas, pela falta de percepção de que é amado. Isso é um problema, pois todos nós somos, e, por sermos, merecemos nos sentir amados. Portanto, se você teve algum problema na sua experiência íntima com o amor devido ao tropeço dos outros, busque agora você formas de nutrir o amor em sua vida até que este se faça perceptível.
Do Amor que Está em Mim para o Amor por Mim
Sim. Isso é possível. Com uma boa terapia, amigos, boa literatura, com aconselhamento espiritual, perdoando quem não pode lhe nutrir dessa experiência da forma como você gostaria, se perdoando, até que o amor que está em você passe a ser o amor por você. Em outras palavras, se partirmos do princípio de que todos fazemos parte da experiência do amor, então o que lhe falta é cultivar esse amor próprio até que o sinta perceptível em sua vida.
Eu consigo saber que o Amor Próprio está saudável em mim quando este se desdobra também em amor por mim. Consequentemente, se eu reconheço o amor que está em mim, eu então posso facilmente oferecê-lo a todas as circunstâncias da minha vida e também as outras pessoas que venham de alguma forma a fazer parte dela.
O Amor por Mim se trata da experiência do cuidado, que deve ser vivido primeiro por si mesmo, afinal, eu, quando me amo, me cuido
Eu não tenho como retirar o amor do meu coração. posso até não potencializa-lo, mas, ele estará sempre em mim. Já o amor por mim depende do esforço que eu faço para realçar aquilo que já estava em mim.
A importância de trabalharmos esse amor em nós se faz necessária porque quando nos amamos fica mais fácil reconhecer as nossas fraquezas a fim de nos corrigirmos e superá-las
Se eu exercito o amor por mim, eu vou começar a identificar na minha vida tudo aquilo que me fragiliza e que esconde o amor que está em mim. Desta forma, farei do meu cotidiano uma experiência que favoreça meu amor-próprio; afinal, quando nos preocupamos em abastecer o amor-próprio, estaremos fortalecendo a imunidade que ele proporciona ao amor que está em nós.
2. Autoconhecimento
Muitas vezes, precisamos ler o manual de alguns objetos para entender seus mecanismos e fazê-los funcionar. Pois é! Assim como muitos desses objetos que usamos, nós, seres humanos, também temos uma espécie de manual, que necessita ser entendido para que tudo em nós funcione corretamente.
Precisamos identificar como somos; precisamos identificar o que está certo e o que está errado em nós; mas, só é possível fazer isso olhando para dentro. Portanto, somente através do desenvolvimento da vida interior é que poderemos compreender nosso manual de funcionamento, o jeito como de fato somos .
Em alguns momentos, como quando estamos lavando louça, tomando banho, meditando ou mesmo antes de dormir, é bem provável que nos permitamos um espaço para refletir sobre nossos hábitos; e, até mesmo é possível que nos permitamos revisa-los a fim de aprimorá-los. Neste caso, é possível concluir que, quando conseguimos abrir certo espaço em nossas mentes para a autopercepção, ou seja, tudo aquilo que conseguimos examinar em nós mesmos, compõe, de certa forma, o jeito que temos de nos autoconhecer e de acessar este tal manual interior.
Autoconhecimento: Da Disciplina ao Autodomínio
O processo do autoconhecimento está relacionado com o desenvolvimento de nossa maturidade psicológica e também espiritual. Nós podemos só avançar na vida conforme vamos conseguindo estabelecer certo domínio de nós mesmos. Porém, esse autodomínio não é uma conquista que alcançamos da noite para o dia; em outras palavras, é necessário esforço diário, certa investigação de nossos hábitos e também possuir boa disponibilidade para fazer um mergulho profundo naquilo que desconhecemos sobre nós. Nenhuma pessoa muda sem o reconhecimento de seus hábitos e nenhum hábito muda sem disciplina.
Conhecer a si mesmo é um mergulho, que fazemos para entrarmos em contato com nossas misérias a fim de domesticá-las, pois, se eu não reconheço minha pobreza interior, se eu não domino minhas misérias, então, possivelmente me tornarei escravo delas.
Autoconhecimento exige disciplina, mas também renúncia, pois, quando eu entro em contato comigo, e, meu exame de consciência me faz perceber que estou vivendo uma vida que me desfavorece, eu então precisarei modificar a minha forma de ser para ter bons resultados.
Em resumo, conhecer a si mesmo significa ter sabedoria para se enxergar, se suportar e saber escolher bem. É ter autodomínio e disciplina a fim de desafiar nossos maus padrões; e, é também se conhecer a fim de desenvolver a capacidade de se autorrenunciar, isto é, de morrermos para tudo aquilo que nos rouba de nós mesmos.
Como uma bússola, a autodescoberta, que nos proporciona a vida interior, é aquilo que nos permite refletir sobre nossas ações a fim de nos impulsionar para o autodomínio. Ou seja, não é possível viver com qualidade sem equilíbrio emocional; e, é justamente por esta razão que o autoconhecimento se faz tão necessário; afinal: só se domina quem se conhece.
3. Aprenda a Lidar com a Solidão
Não foram poucas as vezes que aceitamos ir a lugares, que não queríamos ir, e aceitamos companhias, que não faziam sentido, só para não ficarmos sozinhos.
Não só o carente, mas, todos nós deveríamos parar de evitar os momentos em que ficamos sós para aprendermos a lhe dar com eles.
Aprendemos a viver pra fora, a nos tranquilizar em meio aos barulhos. Ouvimos tudo, menos as nossas questões, os nossos silêncios.
Vencer o medo da solidão é importante, pois nos presenteia com a possibilidade de conversamos com nossa intimidade. Porém, quando não gostamos de usufruir de nossa própria companhia, acabamos por nos preocupar demais em preencher o nosso dia com pessoas, para que não tenhamos que enfrentar o nosso eu.
É preciso ser interessante para si mesmo, afinal, você convive com essa pessoa que é você 24 horas por dia; e, felizmente ou infelizmente, não há como sair e deixá-la em casa… Só pra variar.
Somos bons em nos adaptar ao que é bom para o outro, mas não conseguimos fazer o mesmo por nós mesmos.
Em síntese, se você está num caminho de autoconhecimento, provavelmente está aprendendo a se enxergar; agora, faça um novo favor a você mesmo: não se deixe sozinho! Não se permita se abandonar na companhia dos outros! Não se esqueça de você em prol de ninguém! Se resgate, pois, se você ainda não consegue ficar com você, por que então os outros deveriam?
4. Liberte-se dos Apegos
O apego é uma espécie de super foco que colocamos em nossos DESEJOS.
Estar apegado é algo comum em pessoas imaturas e costuma gerar grandes sofrimentos, uma vez que está diretamente ligado a idealização de algo.
Quando idealizarmos algo, a realidade acaba por ficar
em desvantagem.
Quando estamos apegado ao desejo, encontramos grande resistência em aceitar a realidade. Portanto, a causa dos nossos sofrimentos em tais circunstâncias não estão nos fatos, mas na interpretação que damos a eles.
Quanto mais imaturos, mais carentes; então, quanto maior for a carência, maiores serão nossas expectativas, e, consequentemente, mais irreais será nossa interpretação da realidade.
Maturidade para Desapegar
Um dos passos mais importantes na cura de nossas carências é a capacidade de deixar ir. De mudar as prioridades; contudo, só é possível chegar a capacidade de romper com algo quem optou por trilhar o caminho da maturidade em seus afetos.
Maturidade é o mesmo de conforto existencial. Ou seja, é quando percebemos que, apesar da existência dos conflitos, ainda assim, conseguimos nos permitir desfrutar de certo equilíbrio interior.
Quem tem maturidade consegue entender seus afetos bons e maus. Consegue filtrar o que vem de fora e a internalizar o que realmente vale a pena. Já os imaturos não possuem essa serenidade. Pessoas imaturas sofrem muito mais, pois, ainda são vítimas do egoísmo. Isto é, como para o imaturo tudo é agora, este sofre por não compreender o movimento do tempo e as mudanças que são tão necessárias, uma vez que cada fase da vida consiste em também nos provocar desconfortos.
A imaturidade, infelizmente, se prende apenas a aquilo que é fácil, a parte boa da história, e, acaba se privando do todo; daquilo que nos permite crescer. Portanto, entenda que as restrições são importantes no processo de desenvolvimento interior, afinal, elas nos educam, ao passo que educam nossa vontade.
Imaturidade: Egoísmo, Ciúmes e Ausência de Liberdade
O egoísta, ao se servir da imaturidade, não conseguirá praticar a generosidade, a empatia, o se colocar no lugar do outro; pois, para aprender a pensar a dor do outro, é necessário se desapegar da fixação por si mesmo.
A imaturidade nos paralisa na carência e nos torna ciumentos. O que nos impossibilita da capacidade em amar o outro com liberdade.
Quando nossos relacionamentos surgem, muito mais como desdobramentos das nossas carências do que dos nossos valores; no momento em que me relaciono com alguém porque necessito de reconhecimento; e, por último, mas não menos importante, na ocasião em que meus afetos são interesseiros. Enfim, temos ai um amor estragado justamente porque não goza da liberdade de se doar, da qual o amor é inteiramente feito.
Sem liberdade não existe a plena realização dos afetos, visto que isso só é possível à medida que atingimos a capacidade de partilhar quem somos. Isto é, à medida em que nós vamos amadurecendo nós vamos alcançando dessa liberdade interior, pois é a partir dela é que conseguimos nos questionar.
Só os livres se questionam. Só quem é realmente livre pode olhar para si mesmo a fim de perceber seus equívocos e suas fragilidades.
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